sábado, 21 de fevereiro de 2009

SENTIMENTO NÃO TEM TEMPO - PARTE III

É certo que agindo desse modo é “possível evitar por algum tempo os sentimentos negativos, mas se perde uma oportunidade de agir por meio deles, isto é, aprender com eles. Quanto mais conseguirmos enfrentar as nossas emoções negativas menos elas nos serão desconfortáveis. Os sentimentos que não são enfrentados acabam se acumulando e tornando-se piores do que se nós tivéssemos prestado atenção neles no momento em que apareceram” (Weinsinger, 1997, p. 35).
Sentir raiva, ansiedade, medo e tristeza fazem parte da vida. Ter esses sentimentos não significa que somos pessoas más. É simplesmente parte da existência humana.
E como então transformar a dor causada pelos sentimentos negativos em benefício próprio? O primeiro ato psíquico que devemos alcançar para trabalhar com os sentimentos negativos é ter consciência dos mesmos. Isto é, admitir que sentimos raiva disso, tristeza daquilo e medo disso ou daquilo etc. Se conseguirmos falar desse sentimento para outra pessoa, melhor ainda, pois tudo aquilo que pode ser falado pode ser compreendido e trabalhado. Numa segunda etapa, um ato que poderá facilitar o trabalho será tentar conversar sobre o sentimento com a pessoa que o provocou. Nesse momento, as chances de se resolver com maior rapidez e dar um novo significado ao sentimento e as crenças aumentam, pois surge a possibilidade de se ter acesso ao que o outro sentiu e pensou em relação à situação.
É preciso sempre lembrar que muitas vezes filtramos algumas informações da situação. A percepção individual é naturalmente limitada. Cada um tem uma história de vida, um dicionário próprio de significados e, enfim, como já abordei anteriormente em outro texto de minha autoria (Como melhorar suas relações no ambiente de trabalho) todos somos diferentes um do outro. Conseqüentemente, sentimos e percebemos as situações vivenciadas em nosso cotidiano de uma forma diferente do outro.
Além disso, há também de ser considerado que todos temos defeitos e qualidades, mais ou menos habilidades para lidar com esta ou aquela pessoa ou situação e, conseqüentemente, não é sempre que conseguimos reagir da maneira como gostaríamos.Portanto, não somos perfeitos, mas podemos sempre tentar melhorar as nossas atitudes para que se possa conviver melhor com os outros e também conosco. Já dizia há muito tempo o filósofo Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”(Goleman, 1995, p. 59) Então, o importante é cada vez mais desenvolver a consciência do impacto dos seus sentimentos em você e das reações positivas ou negativas que ele provoca nos outros por meio das suas palavras ou atitudes.
Muitas vezes não é possível fazer todas essas reflexões e atitudes sozinho. Sem dúvida, é preciso coragem para passar por tudo isso. Não é uma tarefa tão simples e fácil como parece. Neste contexto, a terapia pode servir como uma grande aliada no enfrentamento das emoções. O espaço terapêutico possibilita e facilita a vivência e o trabalho dos sentimentos negativos e das crenças. Ao longo do processo, ocorre continuamente uma construção e desconstrução da nossa percepção e da percepção do outro. Esse movimento desenvolve e otimiza a consciência dos próprios sentimentos e atitudes; capacita-nos a administrar as emoções positivas ou negativas com maior eficiência e, progressivamente passamos a saber como utilizar todos os tipos de sentimentos em benefício próprio ou dos outros.



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