terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

SENTIMENTO NÃO TEMPO - PARTE II

Atualmente, são raras as pessoas que conseguem identificar suas próprias emoções e lidar de uma forma proveitosa com as mesmas - quanto mais lidar com a dos outros! Se algum amigo ou colega de trabalho fala de seus sentimentos, a primeira reação da maioria das pessoas é tentar desviar do assunto.
Algumas vezes chegamos ao absurdo de considerar aquele que está expondo os seus sentimentos ou demonstrando afeto como uma pessoa “fraca”, “ingênua” ou “babaca”. Ledo engano. São nesses momentos que devemos lançar a seguinte pergunta: Quem é o verdadeiro “fraco”?; Aquele que enfrenta e lida com todos os sentimentos inevitáveis que acontecem durante o dia, ou aquele que foge desesperadamente, nega e evita qualquer tipo de manifestação emocional própria ou do outro?; Aquele que desenvolveu e trabalha continuamente uma estrutura emocional e, conseqüentemente, sabe ajudar o outro sem se prejudicar ou aquele que desconsidera o sentimento do outro, repudiando e desqualificando-o dizendo: “Ah, isso é besteira. Não sei por que você fica tão nervoso com as críticas do seu chefe”; “Você se preocupa muito com as coisas que a sua esposa (marido) lhe fala. Pare de perder tempo com isso. Esqueça”; “Se eu fosse você não daria tanta importância para isso, pois tudo passa com o tempo”.
É verdade que o tempo passa, mas as mágoas não.
É preciso começar a perceber que as emoções podem atrapalhar muito as nossas vidas se não forem trabalhadas. Podem acabar com carreiras promissoras e, até mesmo destruir vidas ou famílias.
Então, como lidar com os sentimentos para termos uma vida mais produtiva, feliz e saudável? É possível aprender a utilizar com eficiência as nossas emoções?
Felizmente, os nossos sentimentos podem ser trabalhados por meio de uma resignificação das nossas crenças, ou seja, dando um novo significado cognitivo e, principalmente, AFETIVO às crenças e emoções que envolvem as situações que vivenciamos.Vale lembrar que as crenças que menciono não são crenças religiosas. Crenças são os pensamentos que construímos ao longo da vida com base no julgamento cognitivo e afetivo das situações que experimentamos com os outros.
“A dificuldade maior está em lidar com os sentimentos negativos que permeiam as nossas crenças. Grande parte das pessoas não têm recursos pessoais para lidar com situações emocionalmente instáveis, particularmente quando as emoções em questão são a raiva, a ansiedade ou a tristeza. Quando essa dificuldade junta-se com a da comunicação os resultados podem ser desastrosos”
(Weinsinger, 1997, p. 15). Muitas vezes acabamos descontando os nossos sentimentos negativos em pessoas erradas ou situações inadequadas. Já dizia o grande filósofo Aristóteles: “Qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil” (Ética a Nicômaco) (Goleman, 1995, p. 09).
E porque é tão difícil encontrar essa medida?
“Em primeiro lugar é preciso saber que ao lidarmos com os sentimentos negativos como raiva, ansiedade ou tristeza é preciso conhecê-los. E para conhecê-los é preciso sentí-los. E sentí-los, dói. Assim, esse é um dos principais motivos da reação imediata da maioria das pessoas em ignorar esses sentimentos”(Weinsinger, 1997, p. 35).

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